E a Vida brinca mais uma vez ao "1, 2, 3, diga coincidência mais uma vez..."
Os meros sinais da tua tua presença já me fizeram tremer o corpo, já me secaram a boca, já me plantaram uma pedreira no estômago... Fui percebendo que o epicentro do tsunami físico que semevas em mim, aos poucos, se deslocava, afrouxando a nefasta devastação que me provocavas... Meses passaram sem a intempérie de te vislumbrar, até que na quinta-feira lá estavam os teus indicíos, lá estavas tu... Mas, em mim, não houve uma nuvem que se formasse, não se discerniu uma brisa, não se apagou o sol que agora brilha e me aquece. Sorri, depois, quando percebi de que é que se tratava... a memória do corpo dissipara-se, finalmente.
Quase jurava que tinhas avistado o bom tempo que em mim fazia ou que engenhosamente terias encontrado este espaço de confissões e, por isso, após meses de hirto silêncio frio, decidiste assolar-me com um contacto (por sms, como tu e os adolescentes tanto apreciam...). Mas, não, nada disso. É só a culpa, que tarda, mas não falha, é só o retorno de uma lembrança torta que transportas, é só a porta entreaberta que, por teimosia, não fechaste. Faz frio, não é? Que pena não te poder ajudar, mas essa corrente de ar já não me incomoda, já não estou do outro lado à tua espera...
Carta ao Pai Natal 2024
Há 3 meses