quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Memória dissipada

E depois, um dia, agora, o corpo deixa de ranger quando intui a tua presença. Já não és ladrão, malfeitor e foragido. Foste amnistiado da condenção do afecto, da raiva, da ternura e do medo que te prendiam.
Deixaste de ser procurado e depois, um dia, agora já não se oferecem recompensas a um sol que entregue a tua sombra. Desconheces, ignoras e és alheio a este processo, porque é só minha a celebração da liberdade que te encerra nas grades opacas da indiferença.

A dor já não é, já não está, nem sequer vagamente. Agora, a dor é só textura da memória seca e encarcaquilhada dos estilhaços do antes, de um dia...
Foto: "A paisagem que escapuliu " de Luís Andrade.

2 comentários:

Tempus_Fugit disse...

A eterna(?) metamorfose dos afectos...
;)

SK disse...

Onde é que já ouvi(li, vivi) isto?...

Welcome back :)