tag:blogger.com,1999:blog-10803261794341914812024-02-19T13:53:29.488+00:00tempos que fogemClepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.comBlogger110125tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-8673944682350006122012-08-22T17:24:00.000+01:002012-08-22T17:26:11.109+01:00<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZcBKqJVLiYtQdO3_C4sZp5nCgeTaCpmRwpeMR-1SrqaX32reJSKHFGRTFHqq2BLWvuqBq3Hwflgt_ZBhENcSGqHSsIQLsi4_5LtZM2uG6uLcTHgLoe72_Pqr-IrNB4PH-vHudUIgiiSaB/s1600/5352555.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZcBKqJVLiYtQdO3_C4sZp5nCgeTaCpmRwpeMR-1SrqaX32reJSKHFGRTFHqq2BLWvuqBq3Hwflgt_ZBhENcSGqHSsIQLsi4_5LtZM2uG6uLcTHgLoe72_Pqr-IrNB4PH-vHudUIgiiSaB/s200/5352555.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Foto: Silêncio de Pernes</span></div>
<br />
Não falei e não quero falar com
ninguém sobre o que se passou... Mas, isso significa que tenho uma pergunta e que
só a posso fazer a ti... Sou só eu que desde 3ª feira ando desassossegada a
pensar no que se passou? E a fantasiar com o que se passaria a seguir? Não
consigo afastar a memória dos teus lábios a desafiarem o controlo que procurava
aplicar nos meus, a tua respiração no meu pescoço a provocar-me arrepios, a
minhas pernas entrelaçadas nas tuas e o corpo todo a condensar-se num jogo
húmido que pedia para entrares em mim... Queria sorver-te os lábios num beijo
denso e quente, queria tirar-te a roupa e sentir a tua pele na minha, roçar os
meus seios na tua boca, sentir os meus mamilos a desfazerem-se no rodopio da tua língua e a prenderem-se no intervalo dos teus dentes,
queria sentir-te a ficar duro na minha boca, queria vir-me de prazer nos teus
dedos, queria sentir-te a penetrar-me, acolher-te em mim até estremecer de
prazer... e começar outra vez e outra vez e outra vez até aplacar a cordilheira agreste do desejo que
me consome...<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
10.11.2012 </div>
</div>
Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-270910626955792762008-10-23T16:39:00.004+01:002008-10-23T17:15:14.203+01:00RetornarE a Vida brinca mais uma vez ao "1, 2, 3, diga <em>coincidência</em> mais uma vez..."<br /><br /><br />Os meros sinais da tua tua presença já me fizeram tremer o corpo, já me secaram a boca, já me plantaram uma pedreira no estômago... Fui percebendo que o epicentro do tsunami físico que semevas em mim, aos poucos, se deslocava, afrouxando a nefasta devastação que me provocavas... Meses passaram sem a intempérie de te vislumbrar, até que na quinta-feira lá estavam os teus indicíos, lá estavas tu... Mas, em mim, não houve uma nuvem que se formasse, não se discerniu uma brisa, não se apagou o sol que agora brilha e me aquece. Sorri, depois, quando percebi de que é que se tratava... a <a href="http://temposquefogem.blogspot.com/2008/10/memria-dissipada.html">memória do corpo dissipara-se</a>, finalmente.<br /><br /><br />Quase jurava que tinhas avistado o bom tempo que em mim fazia ou que engenhosamente terias encontrado este espaço de confissões e, por isso, após meses de hirto silêncio frio, decidiste assolar-me com um contacto (<em>por sms, como tu e os adolescentes tanto apreciam...</em>). Mas, não, nada disso. É só a culpa, que tarda, mas não falha, é só o <a href="http://temposquefogem.blogspot.com/2008/02/o-mito-do-efmero-retorno.html">retorno</a> de uma lembrança torta que transportas, é só a porta entreaberta que, por teimosia, não fechaste. Faz frio, não é? Que pena não te poder ajudar, mas essa corrente de ar já não me incomoda, já não estou do outro lado à tua espera...Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-87441430597243321942008-10-16T18:00:00.005+01:002008-10-16T19:17:18.241+01:00Memória dissipada<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHPAoi3rXZ2EB1WOwqqmT3NyBUknIQKsHowVLnzQO_WooyaJHfDsXigdOh-oUGfmTbGbHqo10scIHmSejVBS4UcqqvAlcHrY-iv0L1Nob-ljfTYhNdfhjVc_lHXG8xhH3JXOmE-_gGsOEZ/s1600-h/a+paisagem+que+escapuliu_Luís+Andrade.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5257817186815707106" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHPAoi3rXZ2EB1WOwqqmT3NyBUknIQKsHowVLnzQO_WooyaJHfDsXigdOh-oUGfmTbGbHqo10scIHmSejVBS4UcqqvAlcHrY-iv0L1Nob-ljfTYhNdfhjVc_lHXG8xhH3JXOmE-_gGsOEZ/s200/a+paisagem+que+escapuliu_Lu%C3%ADs+Andrade.jpg" border="0" /></a>E depois, um dia, agora, o corpo deixa de ranger quando intui a tua presença. Já não és ladrão, malfeitor e foragido. Foste amnistiado da condenção do afecto, da raiva, da ternura e do medo que te prendiam.<br /></div><div align="justify">Deixaste de ser procurado e depois, um dia, agora já não se oferecem recompensas a um sol que entregue a tua sombra. Desconheces, ignoras e és alheio a este processo, porque é só minha a celebração da liberdade que te encerra nas grades opacas da indiferença.<br /><br />A dor já não é, já não está, nem sequer vagamente. Agora, a dor é só textura da memória seca e encarcaquilhada dos estilhaços do antes, de um dia...</div><div align="justify"></div><div align="right"><span style="font-size:78%;"></span> </div><div align="right"><span style="font-size:78%;">Foto: "A paisagem que escapuliu " de Luís Andrade. </span></div>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-21838883366143218352008-10-06T19:49:00.006+01:002008-10-06T20:38:48.382+01:00Reseting<div align="justify">E os regressos ficam difíceis quando a motivação que originou a partida se esvai, se dissolve noutras possíveis alavancas, que ainda não se perscrutam, que ainda não se adivinham como tal.<br /><br />Já não me recordo se aqui escrevi o porquê (<em>e não me apetece reler tudo o que já está empilhado</em>) ou se terá sido através de uma troca de e-mails, ou se num comentário em post alheio, ou se é o eco na minha cabeça à força de algumas vezes me ter obrigado a enunciar um edifício justificativo para o blogue... Já não me recordo... Apenas reconstruo, com o cimento do hoje, aquilo restou de ontem. Dilacerava-me vagamente numa situação em particular que alimentava as raízes da reflexividade. Apaziguava-me, de início, o mero acto da escrita. Agradava-me, já um pouco depois, a dinâmica própria que o espaço gerava, ao servir de plataforma que crescia como uma espiral de integração em outros espaços. Contudo, este segundo aspecto foi sempre um efeito e não uma causa. A Razão, a motivação original residiu sempre no abraço de conforto, no afago que a escrita produzia em mim. Há, portanto, uma raíz vincadamente onanística neste blogue. O problema é que estes ensejos de masturbação emocional não se subjugam a obrigações, nem a frequências temporais...<br /><br />Mas, hoje, apeteceu-me vir... outra vez!<br /><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaJIwWygeKT_RjEz3ykgZjDkIR5U29VTX-kkMj8U747R3XfTZ1YK2kkZUCjyFL-kE2Uh5kPPa4cVAhyphenhyphenYgsri6b3R0ZvA4XzUKS3fBHUYP0rLCdFk-63uyklu0diHQsKawo6vEyjHJgjuzb/s1600-h/A+turbulencia+do+silencio_b.silva.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5254126399176521842" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaJIwWygeKT_RjEz3ykgZjDkIR5U29VTX-kkMj8U747R3XfTZ1YK2kkZUCjyFL-kE2Uh5kPPa4cVAhyphenhyphenYgsri6b3R0ZvA4XzUKS3fBHUYP0rLCdFk-63uyklu0diHQsKawo6vEyjHJgjuzb/s400/A+turbulencia+do+silencio_b.silva.jpg" border="0" /> <p align="right"></a><br /><br /><em><span style="font-size:85%;">Foto: "A turbulência do silêncio", de b.silva.</span></em> </p>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-45510404572956835112008-07-25T17:36:00.004+01:002008-07-25T17:53:37.795+01:00Dolce fare niente<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfvGs00GvPD3IbGYR8wibMr0ce7HcrHdYZihipfUPkZ5HaGE9zoVsyiVd2wfOIn2OMg6nIQ6_sVBt3J3eKuyP3Yjy5NlCwOExMP-0M_OcJ4m9WaZv_FHFawpTfR0OlZV4n9o-8SiqCZZby/s1600-h/2095090.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfvGs00GvPD3IbGYR8wibMr0ce7HcrHdYZihipfUPkZ5HaGE9zoVsyiVd2wfOIn2OMg6nIQ6_sVBt3J3eKuyP3Yjy5NlCwOExMP-0M_OcJ4m9WaZv_FHFawpTfR0OlZV4n9o-8SiqCZZby/s400/2095090.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5226995420818000162" /></a><br /><br />Oficialmente, inicia-se hoje o período de <em>dolce fare niente</em>. Oficiosamente, como atesta a (in)actividade do blog, esse tempo há muito que se iniciou...<br /><br />Dormi mal... O calor dos último dias insiste em depositar-se integralmente na minha habitação. Abri as janelas, na esperança de plantar correntes de ar e, assim, espantar os excessos da canícula. Se calhar, não fiz bem... Acordei de madrugada com o alarido da chuva e dos trovões, enrolei-me com mais força nos lençóis, procurando remeter a intempérie para um espaço subconscientemente onírico, mas a manhã molhada, cinzenta e pesada empurrava-me para a realidade de uma cidade onde o verão é uma farsa colectivamente encenada.<br /><br />Fico pelo burgo, nestas férias. Ainda não resolvi o problema da tv cabo e caso o sol insista na greve, sem atender aos serviços mínimos a que a estivalidade obriga, terei de arranjar forma de me (in)ocupar. E isto introduz um factor de stress de insegurança ontológica: as manhãs reservarão sempre a surpresa de adivinhar qual a estação do ano a usufruir. Não me agrada!<br /><br />Defini objectivos mínimos para este tempo, tão só, reforçar a frente de batalha do desânimo, do desalento e do cansaço. So help me... someone!<br /><br /><em>Foto: "Brisa do entardecer", de Luís Lobo Henriques</em>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-53842827510946605042008-07-14T18:06:00.003+01:002008-07-14T18:27:37.065+01:00Para que nem tudo fique na mesma...Normalmente, a mudança abraça-se com a relutância com que, de olhos fechados, se aperta o caule de uma rosa selvagem entre os dedos. Resiste-se à troca do que é familiar e conhecido pelo que é incógnito e oculto. É assim nas mais pequenas coisas: a alteração do percurso habitual para casa, a troca da marca de café, a incursão num bar que não é o habitual... É assim nos alicerces estrutrais de vida: mudar de cidade, sair do país, terminar uma relação...<br /><br />O risco de apertar um espinho e sangrar apenas é celebrado quando supera uma rotina demasiadamente pesada, quando grita mais alto do que a tautológica repetição do que nos é insuportável...<br /><br />Respondi hoje a um anúncio de emprego. Até aqui, não haveria novidade. Há três anos que trabalho no mesmo sítio, mas nunca me coibi de estar atenta a outras potenciais ofertas. Mas as candidaturas foram sempre feitas com a displicência do que é acessório e supérfluo. Preocupavam-me os argumentos que teria de arranjar para declinar educadamente eventuais respostas positivas, alimentando a perenidade do cenário laboral presente. Mas, hoje, ao responder a esse anúncio, ocupava-me o pensamento a projecção desse novo emprego, o desejo por essa equação futura de incógnita desconhecida. Definitivamente, é urgente encontrar saída e soletrar M U D A N Ç A.<br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggn7-ZxjXGfEgSBTV7-J-yKnjL888fmQzZ97NlvIdmOcnWEa71TMrTwVTSCj3Qco7xOfL1j0lHQc8iARD70VDIXRP8lMnhDDE43dcyBnVPe2c_UxU5sZp2kzRdHACUYZgIWwLwHJT8c3Kq/s1600-h/na+luz+de+um+desenho_bruno+silva.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggn7-ZxjXGfEgSBTV7-J-yKnjL888fmQzZ97NlvIdmOcnWEa71TMrTwVTSCj3Qco7xOfL1j0lHQc8iARD70VDIXRP8lMnhDDE43dcyBnVPe2c_UxU5sZp2kzRdHACUYZgIWwLwHJT8c3Kq/s400/na+luz+de+um+desenho_bruno+silva.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222917459995436002" /></a><br /><br /><em>Foto: "Na luz de um desenho" de Bruno Silva.</em>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-61409548311183645052008-07-11T16:28:00.002+01:002008-07-11T16:33:06.795+01:00Decomposição<a href="http://causaoufatalidade.blogspot.com/">Osga</a>, o teste diz que sou assim: <br /><br /><a href="http://temposquefogem.mypersonality.info" target="_top"><img src="http://badges.mypersonality.info/badge/0/8/85744.png" alt="Click to view my Personality Profile page" border="0" /></a><br /><br /><br />E o pior é que vim sem livro de reclamações! Uma vergonha...Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-41142577725715380132008-07-10T13:12:00.004+01:002008-07-10T14:02:57.923+01:00Muito pouco nada<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhH2VXE64oUTmpqssKWC4xiB-JmZLJz9P8zNtv0DqAkjb_l8iLQD6hwCV-YGDXiQHnr8jtjrv4DTHPG51IZfmUchKgZ2MIsH6wDD0OhLYKNGM8kFJ_dHfCkNIo86CNFrjDAsl-Jcm8mhOyo/s1600-h/Picture0004.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhH2VXE64oUTmpqssKWC4xiB-JmZLJz9P8zNtv0DqAkjb_l8iLQD6hwCV-YGDXiQHnr8jtjrv4DTHPG51IZfmUchKgZ2MIsH6wDD0OhLYKNGM8kFJ_dHfCkNIo86CNFrjDAsl-Jcm8mhOyo/s400/Picture0004.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5221357588023164642" /></a><br /><br />Eu tenho um sonho, cada vez mais e mais intenso: trabalhar pouco!<br /><br />Nos dias que correm, não é bem visto dizer que se trabalha pouco. Note-se que com <em>pouco</em>, se entende um número ajuizadamente pequeno de horas, isto é, as 8 normativamente prescritas em código laboral (actualmente sob revisão). Dizer que se trabalha <em>apenas</em> as 8 horinhas constitui uma gaffe social, sancionada com olhares reprovadores e imediata catalogação com a etiqueta do fracassado-pouco-ambicioso-nunca-há-de-ser-ninguém"!<br /><br />A situação socialmente bem cotada é, então, trabalhar muito, isto é, no mínimo, para além das 8 horas diárias. Este é o cenário narrativo ideal para expor em contextos sociais diversos. Fica bem dizer, “eh, pá, eu ando a trabalhar uma média 12, 14 horas por dia, mais fins-de-semana”. Quando ouço algo deste género (da minha boca ou de terceiras) viajo até aos tempos idos da Revolução Industrial, nos manuais de História, em que me chocavam sempre os relatos da época, sobre 14 e 16 horas de trabalho em subsolo de carvão, com condições inimagináveis. Nas novas “explorações mineiras”, vulgo <em>entidades empregadoras</em>, os mineiros, vulgo <em>colaboradores flexíveis</em> esgrimem entre si argumentos sobre quem trabalha mais horas e menos tempo livre tem, assim como os velhos, em bancos de jardim e autocarros, disputam o lugar no pódio das maleitas e o lugar cimeiro na maratona das doenças.<br /><br /><em>Foto: Moi meme a bulir fora d'horas.</em>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-27312075472449115132008-07-07T14:56:00.002+01:002008-07-07T15:02:03.382+01:00Intimidade<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR0GodgllEolinEyFhhxuEtNxpEkUbT9qZcN8WcDtn3yEnPd-ty2qvpWrNZ6PN-wfpa4sEquDae_R-zsko0XyPBkJwpI10MVMGP4XUPn5BEnXIKGvW1MA7Mqb9wjmb_5h-E1JNXSLToIU7/s1600-h/A+invers%C3%A3o+do+tempo_Ana+Franco.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR0GodgllEolinEyFhhxuEtNxpEkUbT9qZcN8WcDtn3yEnPd-ty2qvpWrNZ6PN-wfpa4sEquDae_R-zsko0XyPBkJwpI10MVMGP4XUPn5BEnXIKGvW1MA7Mqb9wjmb_5h-E1JNXSLToIU7/s400/A+invers%C3%A3o+do+tempo_Ana+Franco.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5220271036952956402" /></a><br /><br />Na semana que passou, ao final do dia, perdi-me em busca de uma localidade remota algures na periferia do Porto. Conduzia um pouco à toa, achando que as placas de informação me elucidariam e que a hora de ponta não me atrapalharia. Quando percebi que me encontrava num ponto sem referência dei a busca por terminada e querendo regressar a terra conhecida, vi-me forçada a resgatar um caminho recentemente abandonado que percorria unicamente para encontrar os braços que desejava. Refazer esse caminho, conduziu-me à formulação de pensamentos tontos. Desfilavam no tapete da minha memória os impulsos que outrora me comandavam os passos naquele percurso, os diferentes trajes de desejo com que o corpo se vestia de latejo e palpitação… Aqueles pensamentos magnetizavam <em>aquele</em> local, impeliam-me para <em>aquela</em> casa, “só para confirmar se ela ainda lá estaria”. Avistar <em>aquele</em> carro, confirmando a continuação <em>daquela</em> presença, já descontínua em mim… Prosseguia em controverso colóquio comigo mesma: ir; não ir; vantagens; desvantagens… Até que tu provas, mais uma vez, que as coincidências existem. Tu provas, mais uma vez, que me adivinhas, mesmo sem saberes. Tu resgataste-me desse redemoinho lodacento da memória e atiras-me para um futuro certo e próximo, quente e aconchegante… Peixe grelhado e arroz de tomate cozinhado por ti, para mim?! É claro que quero jantar contigo, só quero jantar contigo…<br /><br />Tenho resistido à tentação de escrever sobre ti. Tenho tentado evitar depositar as palavras que podem empilhar-se e formar um “nós”. Sim, é sobretudo isso. Parece-me que se não escrever, se não falar do assunto ele não se torna coisa, não assume uma verdadeira existência. E é, tão só, porque me assusta a ideia de perda. Aquela ideia de perda cujo horizonte traçaste com umas, <a href="http://temposquefogem.blogspot.com/2008/05/o-tempo-do-presente.html">simples, irrepetíveis (quem sabe, até, ocas), palavras</a>. Aquela assustadora e injusta ideia de perder o que não se viveu. Mas, é justamente a viver, a agir, a fazer que temos criado um “nós”, quase sem reticências. Não tenho, nem desejo (salvo em alguns momentos de puro terror de naufrágio) contornar a acção, evitar os momentos, os nossos instantes em que essas palavras parecem um idioma estranho sem qualquer correspondência à realidade. Até agora, a única coisa que pedes é que seja a vontade a ditar a rotina dos nossos encontros: a minha e a tua. Tem sido assim e tem sido tão bom… E foi desse modo que o peixe ganhou cor e gosto, que os misteriosos grãos brancos se imiscuíram crescentemente com a água e o tomate, que o vinho se elegeu para molhar a conversa que entre nós já não cessa. E foi desse modo que esboçamos uma dança quando o Paul Desmond tocava Adeus, que sentamos em uníssono os corpos no sofá e que as mãos se tocaram como faíscas que tudo o resto incendeiam. E foi num rasto de fogo, de terra queimada onde muito mais promete germinar, que nos quedamos na tua cama, como se o meu corpo ali pertencesse e os teus braços tivessem sido concebidos para me embalar até adormecer. Amanheceríamos juntos para um dia comum, para a banalidade que nos preenche e caracteriza no compasso regular e previsível de todos os dias. Enganar o despertador, fintando as horas de levantar, alternar banhos, tomar o pequeno-almoço, fitar-te no elevador e desejar-te: um bom dia… como se todos os dias tivessem sido assim, mas desconhecendo (porque nunca se conhece) como serão os próximos. Quero-te assim também, nessa normalidade idêntica, sem nada de extraordinário, nesse desfiar dos dias que se contam iguais e cujas diferenças apenas se vislumbram através de uma inquietante e rara proximidade, através da frágil teia de intimidade que sem molde e sem planos urdimos sem querer.<br /><br />Foto: "A inversão do tempo" de Ana Franco.Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-60687920530243146702008-07-03T15:20:00.005+01:002008-07-03T16:29:42.283+01:00... pouca uvaEntão, foi intensa, sim senhor, mas tudo bem esprimidinho resume-se a meia dúzia de linhas:<br /><br />- Euro 2008:<br />A moral da história é mesmo, "prognósticos, no fim do jogo...". Os ditos "favoritos" foram caindo que nem tordos até restar uma Espanha invicta no final do campeonato. A Alemanha também lá esteve e, num daqueles heurísticos momentos televisivos, em que se inquirem os adeptos, o jornalista lá perguntava "e, então, acha que a Alemanha vai ganhar a final?" e respondia a senhora alemã com inusitada sabedoria, "ah, eu até gostava, mas eles não se mexem!". Pois, não mexem, mas mordem... só que não é sempre! Humpf! Ainda por cima antipatizei solenemente com a camisa imaculadamente branca, vincada e justa do treinador, sem uma mancha de suor ao fim de sucessivos 90 minutos agonizantes!<br /><br />- Noite de S. João<br />Só mesmo para a facção ortodoxa e fundamentalista da festa. As tradicionais orvalhadas do dia santo começaram a orvalhar logo de manhãzinha. Portanto, não se vislumbrou uma nesga de sol e as gotículas de humidade cinzenta e pegajosa decidiram não dar tréguas. A sardinhada exigiu perícia e rapidez, porque, com a chuva, o bicho começava a boiar no prato. A hora de ver o fogo de artifício originou trocas de argumentos persuasivos sobre dispensabilidade do guarda-chuva com os senhores que se encontravam à minha frente. Não tive fôlego para o intenso debate que se seguiu sobre a qualidade do dito espectáculo pirómano, até porque previa o desfecho conclusivo: "ah, o do ano passado foi muito melhor!" (mas, alguém se lembra realmente como é que foi o fogo do ano passado?!?). Passagem pela Ribeira, estadia prolongada em Miragaia pó bailarico, pois claro! Definitivamente, não gosto de chegar de manhã a casa, fico toda trocada.<br /><br />- Dia de S.João<br />O despertador lança-me piropos ao meio-dia. Decido ignorar, porque "mulher séria não tem ouvidos". Volta a insistir ao meio dia e meia hora. Constato que não é possível levantar-me e deslocar-me a casa dos meus pais, para deglutir o assado sério da minha mãe. Envio sms, "mãe, não vou almoçar". A mãe telefona: "atão, não vens?", "não, estou muito atrasada", "mas, ainda não vamos almoçar já", "pois, mas não tenho muita fome". Ao que se segue um extenso questionário sobre o conteúdo do meu frigorífico e sobre os viveres com que me alimentarei (a minha mãe tem duas grandes preocupações para comigo: comer e dormir. Mais, a minha mãe tem duas dimensões explicativas para os possíveis problemas que eu possa ter: "ah, não comes como deve ser" ou "ah, deitas-te às quinhentas e não dormes quase nada". Já deixei de retorquir, limito-me a assentir com um lento e envergonhado movimento de cabeça).<br />No meu vagar, lá me levantei, tomei banhinho, comi chocapics (a base de uma alimentação saudável) e fui até às praias de Gaia esplanar com quem me tem ocupado os pensamentos (e não só...) nos dias que correm. Quem diz esplanar, diz jantar e quem jantar, diz nanar... Não, isso não, porque no dia seguinte:<br /><br />- Congresso em Lisboa<br />Lisboa é uma cidade deserta. Não mora lá uma só pessoa. Há figurantes que são pagos para se deslocarem nesse espaço diariamente, pintando-o de movimento e cosmopolitismo. Porquê? Porque, ou eu tenho muito azar, ou não há uma pessoa a quem me tenha dirigido, a pedir uma informação geográfica, que detenha esse conhecimento. Já experimentei com polícias, funcionários do Metro, empregados de café, velhotes desocupados... Nada. Não sabem, não são dali, estão naquele sítio a trabalhar há pouco tempo... Enfim, gasto uma pequena fortuna em táxis que fazem por ignorar o meu sotaque estrangeiro e me exigem que escolha um caminho, entre percursos que desconheço. Puff...<br />Quanto ao congresso, decidi ignorar a maratona que a organização propunha, exposta num programa de 200 páginas (!!!), e optei pela solução congresso-buffet. Escolhi umas coisinhas e fui peregrinando no meu ritmo. Concluí que há gente com muita lata e outra tanta (nomeadamente, eu) que não tem nenhuma. O grau de lata varia em função da posição que ocupamos: comunicador/receptor. Há comunicadores com muita lata, malta que não tem nada, mas mesmo nada para dizer, mas ainda assim vai lá mostrar a inocuidade dos primeiros anos de trabalhos de doutoramento (que suspeito, estarão eternamente inacabados). Há receptores (como eu) que constatando o desaforo intelectual que algumas apresentações constituem, nada dizem. Há ainda a estirpe que opta por falar, elogiando o "notável trabalho do caro colega". Irrita-me sobremaneira este pa-ta-ti-pa-ta-tuá. Irrita-me ainda mais, não ter tomates para quebrar com essa polida e densa hipocrisia social que alimenta egos e nada acrescenta ao trabalho que se pretende realizar. Portantos, ignorei os "parabéns" e os "podia dar-me o seu e-mail, tinha muito interesse em trocar umas impressões...". Bah!<br /><br />- O regresso:<br />Em comboio rápido, com ar condicionado, com direito a recepção na estação de Campanhã e mais jantarinho e tutti-tutti, foi bom, muito bom. Mas, esta semana foi presenteada com um capricho tecnológico. É que até ontem, como diria a Carol de uma qualquer Little Britain, perto de nós: COMPUTER SAYS NO! Felizmente, já se resolveu...<br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHuScodr5uJbCCalxgFjUboj_leNRVWtQAz-lBQtWSIZ4AU-aG31ZCt17jnk0qRRdI0bNY6oKaW_3D6MXjxOVwMzDCD-i1JgOwTK4HgVlA-_eEEsm8WsnZ2phOLTUr7KGG4f1IMxLKUpcS/s1600-h/default2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHuScodr5uJbCCalxgFjUboj_leNRVWtQAz-lBQtWSIZ4AU-aG31ZCt17jnk0qRRdI0bNY6oKaW_3D6MXjxOVwMzDCD-i1JgOwTK4HgVlA-_eEEsm8WsnZ2phOLTUr7KGG4f1IMxLKUpcS/s400/default2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5218807168997420466" /></a><br /><blockquote></blockquote><blockquote></blockquote>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-43505943097252229512008-06-21T16:05:00.003+01:002008-06-21T16:18:55.140+01:00Muita parra...Semana intensa, a que se avizinha, com, quase certa, ausência internética (<em>ela já tem andado intermitente, mas isso são contas de outro rosário..</em>.):<br />- Fim de semana: ver jogos do euro. Tenho de arranjar uma equipa adoptiva e não me consigo decidir. Pensei que seria a Croácia, mas os turcos trocaram-me as voltas (está decidido, serei turca no duelo meta-futebolístico Alemanha-Turquia). Hoje, serei holandesa e amanhã espanhola (que remédio... italiana é que jamais!). É muito difícil esta transmutação nacionalista...<br />- Na segunda-feira, serei tripeira, sem alho-porro, nem martelo, mas na rua até de manhã a festejar um santo, de sua graça, João.<br />- Na terça-feira, serei tripeira ressacada, sem alho-porro, com a cabeça a martelar, na cama até ser noite a amaldiçoar um santo, ou dois, ou três...<br />- Na quarta-feira e até sábado, serei alfacinha, em chato congresso profissional...<br /><br />(E, contra todas as expectativas, pelo menos as minhas, este é o post número 100... shuif, shuif)Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-43940148794305650012008-06-19T11:19:00.000+01:002008-06-19T11:21:00.418+01:00My name is Tixa, Lagartixa<script type="text/javascript" src="http://quiz.sapo.pt/quiz/blog/239776"></script>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-85916291670201208772008-06-17T12:42:00.004+01:002008-06-17T12:54:39.966+01:00Prioridades<div align="justify">A mudança e instalação na casa nova (<em>já lá vão quase dois anos…xiiii</em>) realizou-se em modo lento e solitário. Na altura, apetecia-me transportar cada uma das inutilidades que possuía e distribuí-las, pesando isoladamente as vantagens da sua localização. Os móveis e os electrodomésticos que não tinha iam chegando aos poucos em horas marcadas e em que a espera se fazia ânsia doce. Nas primeiras semanas, não tive televisão. Mais, nas primeiras semanas, alimentava a mitomania que poderia passar sem ela: toda eu seria livros e dvd’s da colecção completa de Godard’s e Bergman’s… toda eu ia endoidecendo com tamanha erudição. Lá comprei a caixinha e, para meu grande espanto, quando chamei “uns senhores” para fazerem a ligação, percebi que o meu universo não se esgotava nos 4 canis nacionais, ele estendia-se inexplicavelmente a mais 40!!! Claro, que nunca fiz perguntas incómodas aos senhores da tv cabo, “atão há dois anos que isto dura e eu não pago nada?”. Não, preferi desconhecer os porquês e alimentar essa larga ligação ao mundo da AXN, da FOX… Até que, um belo dia, aparentemente igual aos outros, aconteceu! Sem um sinal, sem um aviso prévio, ela desapareceu totalmente deixando um irritante formigueiro no ecrã. Poderia ter sido uma saída em <em>fade out</em>, aos poucos, para eu me ir habituando: primeiro o canal Infinito, depois o Biography, a seguir o Porto Canal… Mas não, não houve uma carta, não houve um telefonema, um sms… Simplesmente, um dia desapareceu…<br /><br />Esta súbita ausência coincidiu com o pico de trabalho na tese e eu, achando que não bastava o suplício em que tal exercício consiste, decidi agravá-lo um pouco mais com uma auto-chicotada infantil: <em>enquanto não acabares isso, não há televisão para ninguém</em>. E assim têm sido os meus dias, somente com formigueiro no ecrã.<br /><br />Até aqui, deu para ir levando as coisas. Mas, como fazer com os jogos do Europeu ao rubro? Descobrir um café perto de casa era imperativo… Desconfio que Portugal deve ser dos países com mais cafés por metro quadrado e a zona peri-urbana onde habito não é excepção. Estava filada num que abriu recentemente, com um ar de <em>design made in Vila da Feira</em>: elementos decorativos integrados e monocromáticos em materiais fracos e um grande plasma. Mas, está fechado à segunda-feira. Depois, há um outro, fica totalmente virado para poente, tem um sofazinhos confortáveis, com um ar caseiro, mas têm a mania das quiches saudáveis e dos sumos de fruta natural e mai-não-sei-quê, maneiras que na televisão, bola, nem vê-la, assistia-se ao noticiário, pufff. Já em desespero, atravesso a rua e o meu olhar míope parece vislumbrar um buraco esconso, cuja televisão tinha relva. Lá fui eu e encontrei o oásis do café para esta fase dos grupos. O dito café, apresenta-se com vista para dois estádios em simultâneo. Há duas televisões a transmitir os dois jogos ao mesmo tempo, há uma população masculina, com bigode, que passa em revista todos os acontecimentos futebolísticos do dia, há incursões históricas sobre o valor da Holanda em 84, sobre a selecção de Humberto Coelho, há debates acesos sobre o valor do Estado-Nação e de um seleccionador brasileiro, sobre a regionalização e a legitimidade cultural e simbólica da autonomização do “povo tripeiro”, há a dona Albertina que chinela do balcão para as mesas com tremoços e cervejas, há um senhor que liberta um inevitável “Fuôda-se!” perante a bala disparada por Ballack e que, consciente de uma presença feminina estranha, olha para mim, enquanto leva a mão à boca e balbucia “ó menina, desculpe qualquer coisinha”. Sorri ao meu colega de bancada, enquanto pensava ”Homem, não tem nada que pedir desculpa, é um golo do caralho!!”<br />Para quê tv cabo, quando o mundo passa em directo no café-tasco em frente a casa?!</div><div align="justify">Hoje lá estaremos novamente!!!</div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5212814687943913858" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIkZh48Re21PpUjgxgDfw0ZaPo-NXE-qo5bnXPA3hj0VYRk_0o5UTWHIzA9Q0ZnztCA0WIzchB6OicZbsVNqOI6wXnU8D3Lon8Q4W7LuFH0kDtvDK0lw8XTJf5-VEhYhQhyphenhyphen3FdwVAJHWeH/s400/DESTAQUES_140064.jpg" border="0" /> <p align="center"><span style="font-size:78%;">Foto: d</span><a href="http://www.record.pt/fotogaleria_imagem.asp?id=791628&idCanal=2439"><span style="font-size:78%;">aqui</span></a></p>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-10363154253871869122008-06-13T13:15:00.001+01:002008-06-13T13:17:28.701+01:00A ordem natural das coisas<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ45NYvvd9HhqCwe8FE_uacmqGZVWaiA7rR0NVxyjkJkDockMGGMn6md7ZgnEwd2QsEH21NcPztC7PvSoYUmGHjYyVkiNesEh1kDuzVZDaP-_X9BBReO1HEJR3qhd-mMQ5ajLB-kHYcJ6D/s1600-h/50064.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5211339030386239154" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ45NYvvd9HhqCwe8FE_uacmqGZVWaiA7rR0NVxyjkJkDockMGGMn6md7ZgnEwd2QsEH21NcPztC7PvSoYUmGHjYyVkiNesEh1kDuzVZDaP-_X9BBReO1HEJR3qhd-mMQ5ajLB-kHYcJ6D/s320/50064.jpg" border="0" /></a>Tudo está bem, quando parece acabar bem...<br /><div></div><br /><div><a href="http://football.uk.reuters.com/european/news/L138546.php">UEFA annuls Porto Champions League exclusion - reports</a></div><br /><div></div><br /><div></div>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-83072393187273284972008-06-12T10:49:00.007+01:002008-06-12T11:07:46.650+01:00Ora, ponha aqui o seu pezinho<div align="justify">O domingo de imensa, gigantesca e incomensurável neura passou-se entre o horário tardio de despertar, o almoço tardio e longo em casa dos pais, a tarde sem a habitual companhia para café e actualização dos jornais tardiamente revistos e a tardia e inútil tentativa de restaurar algum equilíbrio na roupa por passar a ferro que se acumulava numa pilha que diariamente ameaçava tombar. A noite teria de ser compensada. Eu pensava que queria ir ver o Sabor do Amor do Wong Kar-Wai. Como em tudo ao longo desse dia, cheguei tarde para a sessão desse filme o que me empurrou para uma película que já tinha decidido não ir ver: O Sexo e a Cidade. Belíssimo engano, percebi depois que era o filme perfeito para esse dia. Despretensioso, irreal, fantasioso e com um remate de Cinderela dos tempos modernos a roçar descaradamente o happy end. </div><br /><div align="justify"><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6DiYQtgQRLB4aacXx1tcdb2oavV8fKnf_5I3mxVP-CRZWXk6yHBSDjl5MN7eG7AQhJBKgHq31lAhk6ZhgRzgjf9RLMGn9i4NjezxQxrSyMxJ6hxvuodRYeG-NbkOmKdPN7TdLb5y_gWl6/s1600-h/NMX09NR_ex.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5210932675467244994" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 177px; CURSOR: hand; HEIGHT: 249px" height="288" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6DiYQtgQRLB4aacXx1tcdb2oavV8fKnf_5I3mxVP-CRZWXk6yHBSDjl5MN7eG7AQhJBKgHq31lAhk6ZhgRzgjf9RLMGn9i4NjezxQxrSyMxJ6hxvuodRYeG-NbkOmKdPN7TdLb5y_gWl6/s400/NMX09NR_ex.jpg" width="196" border="0" /></a>Eu sou <em>sériedependente</em>, admito. Devo ter visto praticamente todos os episódios da série, embora, muito provavelmente tenha trocado a ordem às temporadas e aos episódios. Recordo como especialmente boas a primeira e a última temporadas, porque lá, pelo meio, já não sei muito bem o que se passou. Acho que a ficção não tem obrigação nenhuma de respeitar a realidade. Contudo, sempre me intrigou e aborreceu ligeiramente (nessa série, como em outras) a ausência do factor trabalho e a opulenta presença do seu suposto resultado: dinheiro a rodos para jantares, festas, vestidos, sapatos e carteiras. Ainda assim, cativaram-me aquelas caricaturas toscas de mulheres ultra românticas, hiper racionais, puramente libertinas ou vincadamente analíticas. Dificilmente alguém se define unicamente através de uma dessas ou de outras características, porém em função das circunstâncias é possível que uma dessas facetas se sobreponha às demais que em doses diferentes nos constituem. Nessa história e nessas mulheres, há de tudo, como na farmácia e, em conformidade com a maleita, imagino-me no vestiário dos feitios a escolher a farpela que melhor se adequa às situações: de manhã, Charlotte, à tarde, Miranda, ao jantar Carrie e, à noite, sem dúvida, Samantha.</div><br /><br /><p align="right"><span style="font-size:85%;">Sapato: <a href="http://www.neimanmarcus.com/store/catalog/prod.jhtml;jsessionid=S2UYPWR1KRPVYCQAAKHRACI?itemId=prod64820067&parentId=cat000209&masterId=&cmCat=">Something Blue Satin Pump</a>, de Manolo Blahnik (<em>Claro!</em>)</span></p>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-49476525372940526882008-06-08T17:05:00.003+01:002008-06-08T17:13:23.458+01:00(des)acertos<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJlI50PNNZ-9l8nOY2ibhDVc74C5DHaHx-wGtTgjqiu5qjF5q8ZWhcGZ7YASt5_JnAr8GaEJw3Y04HolZYlfsAgxzjuzFVm4MHUDjCHwoN9Qc5Ee_6p7j41F_EtmVnLb7ILU4tuBHHzbHh/s1600-h/2+inmotion+III_ddiarte.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5209544214634829666" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJlI50PNNZ-9l8nOY2ibhDVc74C5DHaHx-wGtTgjqiu5qjF5q8ZWhcGZ7YASt5_JnAr8GaEJw3Y04HolZYlfsAgxzjuzFVm4MHUDjCHwoN9Qc5Ee_6p7j41F_EtmVnLb7ILU4tuBHHzbHh/s320/2+inmotion+III_ddiarte.jpg" border="0" /></a><br /><div><span style="font-size:130%;color:#993300;">Desconcertas-me e isso desconserta-me...</span></div><div><span style="font-size:130%;color:#993300;"></span> </div><div align="right"><span style="font-size:85%;color:#000000;">Foto: 2 in motion III, de DDiArte</span></div><br /><div><span style="font-size:130%;color:#993300;"></span></div><br /><div></div>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-23635664904211287212008-06-05T18:13:00.004+01:002008-06-05T18:36:31.846+01:00Longe da vista... perto de um click<div align="justify">Há alturas em que se torna muito evidente o motivo pelo qual não partilho, mesmo com os que me são mais próximos, a existência e a morada deste espaço. Para mim, é importante que existam duas, três pessoas, não mais, que saibam detalhada e actualizadamente o que se passa na minha vida. Que conheçam os factos, mesmo os mais insignificantes, que compreendam o que eles representam para mim, como me tocam, como me moldam o humor, o olhar e o sorriso. Ainda assim, há coisas que não se partilham, mesmo com quem nos conhece em cada íntimo minuto da vida. Podem ser situações muito diferentes, em geral, motivo de embaraço, vergonha ou pudor. Mas, essas duas, três pessoas, não mais, não me julgariam, não me avaliariam a partir do que é risível, maldoso, infantil e tosco em mim. Acumulariam apenas esse facto onde juntam todos os outros, num saco que já não comunica com o incondicional afecto, com a Amizade.<br /><br />Quando a convivência, movida pelo amor, pela paixão, pelo devaneio passageiro… termina, em regra, estabelece-se um novo espaço, uma distância operativa para o fim que se decretou. Não se busca a co-presença (<em>ou, então procura-se “acidentalmente”, só para ver mais uma vez…</em>). Deixa de se contribuir massivamente para o enriquecimento das redes móveis, à custa de sms de “só para enviar um beijo…”, de telefonemas sem razão, ou melhor, com a única que vale a pena, “era só para ouvir a tua voz…”. É assim que deve ser. Mas, sabemos que não o é, quando a cidade ou um confinado quarto de subúrbio gritam uma presença que já não deve existir. Sabemos que assim não é, quando nos aventuramos num espaço que sabemos ser habiual dessa ausência e fingimos surpresa quando ela se materializa no corpo que já lá não está. Sabemos que assim não é, quando o ritmo a que o sangue se passeia no corpo aumenta <em>inexplicavelmente</em>, apenas porque “aquele carro vermelho é do…”, até a vista nos informar da combinação atribuída pela DGV ao veículo e a dança vermelha no interior do corpo regressar ao compasso lento (e um pouco mais triste) que lhe é habitual.<br /><br />Nem sempre a partida se anuncia no território. Por vezes, já apartados, apertamo-nos em rotinas que inevitavelmente se cruzam, a sala de aula? o local de trabalho? … Onde é que se arruma o olhar, nesta circunstância? Onde é que se constroi o edifício do esquecimento de um corpo que diariamente se passeia na retina? Como é que se interrompe a torrente de pensamentos “por que é está a rir? por que é que está tão sério? or que é não olha? por que é olha?”<br /><br />Houve alturas em que pensava esta ténue ou férrea inscrição do Outro no espaço se solucionava mudando de cidade, mudando de país, cortando de vez com a ligação ao território que alimentava tudo o resto numa ininterrupta vertigem de articulação. Mas, como é que é possível fazer isso hoje? Mesmo quando (por sorte) já não se comunga de um local onde os corpos esbarram, mesmo quando já se eliminaram os números de telefone, da memória do mesmo (<em>embora ainda subsistam numa outra...</em>), quando no mero gesto de um click ordinário, bisbilhoteiro e voyerista acedemos a uma despudorada página internética onde aquela vida ausente jaz escarrapachada?</div><div align="right"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5208447088896522146" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNOQEsgfbGZFUN6fbM1vrKUMw1a89iOxzpmPB8rtsYuh0DvBZn-Ves9xAHs2F7qm3meNFmL6vbGm9teGQEVZ6UFT3m7mfazNXqHV2aFwoHe3Mbnwc-Uc0xt90rM6ayMLY1Qu0gXB_X0sID/s400/Off+mode_Rattus.jpg" border="0" /><span style="font-size:85%;">Foto: "Off mode", Rattus.</span></div>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-7345513658909482662008-06-04T22:09:00.005+01:002008-06-04T22:15:22.566+01:00Rock junto ao rio (por um mundo não muito pior, vá!)<div align="justify">Pelos vistos a cidade siamesa do Porto, decidiu animar a malta e propõe, para os dias 17, 18 e 19 de Julho um <a href="http://www.festivalmaresvivas.com/">festival</a>, na margem do rio, pelo preço (<em>bem mais amigo</em>) de 30 euros (<em>sim, para os três dias!</em>!) e com um alinhamento (<em>algo requentado, é certo!</em>) que não será de desprezar:<br /></div><br /><br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5208136934372125474" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7m3AQXsKFrTIrVW0vD7v9VJ9RZlLCBrTYRdIALgpVZuVDN-ZvqUOOTXgMaYhX2iN63tL0JAdjqco9X2SWPbS77DD6esyN_iDiXLwXhPqnLps0_9mXdwrY7VxnXYfBHpK0H1LajjGmGKe9/s400/bandas.jpg" border="0" /><br /><br /><strong><span style="color:#330099;">EU</span> </strong>(só não) <span style="color:#333399;"><strong>VOU</strong></span> (se não puder…)Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-4292438710365820392008-06-03T23:05:00.010+01:002008-06-03T23:40:34.629+01:00Contra(o)tempo<div><div><div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTjsSo6vTGp7xIoQnOpH5vo17c19LkoT3TrfQ2EKFSIbCndL3ac0qn5G2mOF9hEWgxF6Vxptqb48PZ3JU5z81TghizzJMbqkMp4hq2Ah81R9UP6f7qADzI3czBJBcQcfOsKREZzsVsSH4D/s1600-h/C0032317.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5207782051705792066" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTjsSo6vTGp7xIoQnOpH5vo17c19LkoT3TrfQ2EKFSIbCndL3ac0qn5G2mOF9hEWgxF6Vxptqb48PZ3JU5z81TghizzJMbqkMp4hq2Ah81R9UP6f7qADzI3czBJBcQcfOsKREZzsVsSH4D/s320/C0032317.jpg" border="0" /></a>Este blog teve um irmão que não sobreviveu aos dois primeiros posts. Quer dizer, provavelmente, ainda tem, mas eu abandonei-o, porque não tinha como o sustentar. Deixei-o, esqueci-me do seu nome e do caminho para lá chegar. Sei que, já na altura (<em>aí, quê, há uns três anos ou mais</em>), o nome já tinha alguma coisa a ver com <em>tempos</em>, porque eu e o dito cujo temos uma relação antagonicamente umbilical.<br /><br /></div><div><div align="justify"></div><div align="justify">A este, acho que lhe quis chamar <em>tempos que correm</em>, mas descobri que esse nome já existia e dava nome ao blog de <a href="http://blog.miguelvaledealmeida.net/">Miguel Vale de Almeida</a>, antropólogo, que aborda de uma forma notável os mais diversos temas da actualidade política e social. Pensei, “pois, <em>tempos que correm</em> é uma designação bastante acertada para falar disso, mas não é disso que quero falar. Aliás, eu gostava era de ter tempo para andar devidamente informada, ter tempo para reflectir sobre o que se passa à minha volta, ter tempo para produzir uma opinião que originasse dois parágrafos com pés e cabeça".<br /><br />Recentemente, num e-mail muito amável e deveras lisonjeiro, alguém tropeçava num <em>lapsus linguae</em> soberbo, que originou um imediato segundo e-mail explicitando a devida desculpa, porque o assunto da primeira missiva falava de <em>tempos que fodem!</em> Ora, pensei eu, “isso é que era um nome fantástico, como é que não me lembrei disso na altura do baptismo?!?”. Retorqui imediatamente, “nã, estes tempos não copulam tanto como gostariam e um blog monotemático exige uma especialização que <em>ainda</em> (sublinhe-se o esperançoso e optimista <em>ainda</em>) não tenho. Numa outra acepção da dita classificação dos tempos, está bem que há uns que são maus, chatos, isto é, fodidos, mas também há outros bons e assim ficaria desajustado.<br /><br />Lá me conformei com os tempos que fogem, porque, para mim, a expressão não<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWP0QGTVrgJz7vwsuuolOR6YG5J5O04bBX-XseOHJpbx6PAS2X3W4BZ0wxqgTFwgn0JZUeeEtL6ybiUcuwWoV1uqam7OQg6QbnIXxgRExUmUxWF_MamPx8qPkOPmM7Fa6qTOK-B0hS-n47/s1600-h/LS021322.jpg"></a> poderia ser mais adequada. O meu problema com o tempo remonta até onde a minha memória me alcança. Até<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE34GClsdEl0WeejqMZumxE8TU_BvhydkB0PzUsXIq3iAbtbNGWWxfHcqYTSPWSVXw6fuh6IQChUfSyjANGE2274gJbNeBJnLnEswL8sSHYFH5toC1bgSvAEI-rdsSh3xO48XCzj2oMGTe/s1600-h/bxp196533.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5207785225951638770" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE34GClsdEl0WeejqMZumxE8TU_BvhydkB0PzUsXIq3iAbtbNGWWxfHcqYTSPWSVXw6fuh6IQChUfSyjANGE2274gJbNeBJnLnEswL8sSHYFH5toC1bgSvAEI-rdsSh3xO48XCzj2oMGTe/s320/bxp196533.jpg" border="0" /></a> aos seis anos, ficava em casa dos meus avós que habitam a uma curta distância dos meus pais. Ignoro as manhãs em que a minha mãe se degladiava com o relógio e uma criança pequena indiferente a esse ritmo. Sei que, em casa dos meus avós, o tempo se moldava como plasticina entre as minhas mãos. Havia ritmos mais ou menos definidos que coincidiam quase exclusivamente com as refeições. Ora, como já na altura comer era um puro acto de deleite e prazer, as horas das refeições não constituíam um problema. Eu domava o relógio com um pequeno chicote que ainda ignorava o tamanho da fera. Até ao dia em a escola desferiu um primeiro e rude golpe no meu edifício de vontade (julgado) intemporal. A escola impunha um horário que tinha de se cumprir, gritava uma ordem às tarefas e um ritmo que não admitia desvios: acordar, tomar banho, lavar dentes, vestir, pentear (<em>eterno suplício materno de riças e lágrimas para desenhar duas grossas tranças</em>), tomar o pequeno-almoço, pegar na mochila, caminhar, chegar, sentar, abrir livros, ouvir, aprender no período estipulado, fazer os exercícios rápida e certeiramente, ouvir a campainha, esticar os 30 minutos do recreio… Começou aí a enrijecer a plasticina do tempo, até hoje ser mármore fria que constantemente se me escapa dos dedos e se estilhaça no chão.<br /><br />Olho à minha volta, com o autismo infantil que, pelo menos agora, me caracteriza e não vejo ninguém com idêntica dificuldade. É sempre, mas sempre num esforço de Sisífo que procuro cumprir com um tempo que desde há muito não agarro com jeito. É sempre, mas sempre, com a fatalidade de um castigo divino, que o mármore se me escapa dos dedos e rola pela escarpa abaixo.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUHqMYFrI_AGbeVdPG2sqFHxC2ZoBVakepQIRO2qG0AiOYQ4BnX22sZV-ZvQBO6YyGG6Dk3WeeXXhakxvnJGlpqhG_6XeCwlE0vbTZfPxjIwYmUIue2qTaGedf_ySI_Qz3KJoYauQVAKni/s1600-h/BU010077.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5207788170928735330" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUHqMYFrI_AGbeVdPG2sqFHxC2ZoBVakepQIRO2qG0AiOYQ4BnX22sZV-ZvQBO6YyGG6Dk3WeeXXhakxvnJGlpqhG_6XeCwlE0vbTZfPxjIwYmUIue2qTaGedf_ySI_Qz3KJoYauQVAKni/s320/BU010077.jpg" border="0" /></a>Este paleio todo para dizer que ainda estou a braços com uma tese que disse acabar em Dezembro e, depois, em Abril, e, depois, em Maio... Isto para dizer que, desde Dezembro e, depois, Abril, e, depois, Maio, que finalmente penso que vou telefonar às pessoas de quem gosto e que há tanto não ouço, que vou finalmente cumprir com as dezenas de “sim, quando eu acabar a tese, a ver se tomamos um cafezinho e pomos a conversa em dia”, que vou finalmente passar fins de semana a cozinhar pequenos banquetes caseiros para receber os meus amigos, que vou finalmente ler sem culpa os outros livros de que gosto e que nem conhecem a palavra ciência, que vou finalmente avançar para além das letras gordas do diário jornal que ainda insisto em comprar. Que vou finalmente alcançar o tempo e agarrá-lo com as duas mãos e voltar a moldá-lo como barro na forma da minha vontade.<br /><br />Hummm, é por estas e por outras concepções idealistas que ele me escapa… <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqdLt3YgSdIjuJZ0wHatQ-2EslGQ53MxZzygYupn_Qdvd3NWo0Gsc5rDa9_qd_GLI7Yft2gHPQkYPbbtIKMa_SyN1hHsykcRFxuVNYBVyDYpK-1bkioejhzhy0pYecb6106sd-aY1F2Vdc/s1600-h/200192894-001.jpg"></a></div><br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5207788584695397922" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgUN6WPiQTHaXbcLySg6-BCuXodCB9W99ozl04ZjqKw6QCoPv3_ZgtPEow3YtTXVsmAwDyoHoqtjS4uHMeO_-v_vU3m3Uy7IPgCG0QdrU-ag5nrbS3NQh3S148xJXKzusAaafkJqJLkzzx/s320/200192894-001.jpg" border="0" /> <div align="justify"></div><div align="right"><span style="font-size:85%;">Fotos: <a href="http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/ampulheta.html">daqui</a></span></div><div align="justify"> </div></div></div></div>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-37023998453053719882008-06-02T21:29:00.008+01:002008-06-02T22:20:52.364+01:00Matar-nos mais um bocadinho<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPEE7GavwhipeSu9xPOuGdCjeX2g9_3XFkTN7n4fFuW9OMXcsOdTe6mmOesPw6yKgCihTgShNUGTH88F_zxdY-hd_H5luwgXUBkFda_xL6tIID2kA0uUKB6n3vHuCsuxTmasfPfSPi4Jq3/s1600-h/Longest+Journey_Thorsten+Jankowski.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5207385088272157218" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPEE7GavwhipeSu9xPOuGdCjeX2g9_3XFkTN7n4fFuW9OMXcsOdTe6mmOesPw6yKgCihTgShNUGTH88F_zxdY-hd_H5luwgXUBkFda_xL6tIID2kA0uUKB6n3vHuCsuxTmasfPfSPi4Jq3/s400/Longest+Journey_Thorsten+Jankowski.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div align="justify">Há uma pedra que cresce e que me afasta de ti. Alimenta-se dos sedimentos de silêncio e de incomunicação que depositamos entre nós. Agigantou-se de tal modo, que não nos permite estar na mesma divisão. Dilatou-se ao ponto de me expulsar da nossa cama, porque não cabemos lá os três. E tu insistes em não a quebrar. Teimas em não perceber que a minha força diminui e que os golpes que desfiro nessa montanha são cada vez mais inócuos e inofensivos. Viras a cara para não perceber que esse pedregulho me entala nas paredes da nossa casa, me esmaga na estreiteza da minha garganta. Desespera-me o esforço do gesto cansado que procura antecipar o que queres, o que te faz feliz. Desgasta-me o estado de alerta que não me deixa dormir, porque aguardo o sobressalto e a agitação em que ficarei, assim que ouvir a tua chave na porta, assim que o mundo declarar que vais invadir e que, a partir daí, se inicia a guerrilha terrorista da palavra, do movimento, do silêncio, da quietude que, a partir do inesperado, me ataca e transforma esta serenidade fria de alumínio numa lâmina que me atravessa a garganta. E tu, até aí, não dizes nada. Tu, depois disso, nada dizes. Nada muda. Colocamos a serenidade cortante em posição de ataque e volta tudo ao início, tudo a repetir-se: adivinhar-te, sobressaltar-me, vigiar-te, armadilhar-me, chorar-te, matar-nos mais um bocadinho...<br /><br />Vivemos em tormento e tu insistes em virar a cara para o lado, para a frente para trás, para todo o lado menos para o animal em agonia em que nos transformamos. Porque não falas? Estarás bem assim? Será isto o que tu queres? Com certeza é, mas a mim não me basta. Para mim, basta! Para que acordes, para que percebas que isto assim não está bem, para que mudes provisoriamente durante duas semanas, para pelo menos ganhar um abraço, conquistar um olhar, arrancar-te uma palavra que me seja dirigida. Para que recordes o desespero gravado no corpo da última vez que estiveste próximo do abismo de me perder. Isso, essa memória vai fazer-te entender…<br /><br />Mas não. Já não há memória, já não há medo, já não há olhar e os teus braços não se movem para me abraçar. Os teus braços apoiam-se na pedra que nos separa, enquanto arremessas balbuciantes "não sei” a tudo o que pergunto. O teu corpo instala-se nessa maldita laje que nos separa para me atirar, sem aviso prévio, essa indiferença e apatia que desconheço. "Não sei"?!? Mas, então, há quanto tempo "não sabes"? Há quanto tempo te arrastas para casa como quem caminha para um covil de lobos? Há quanto tempo me magoas propositadamente? Há quanto "não sabes" e ainda assim fingias surpresa quando te dizia que não estávamos bem, que precisávamos de conversar? Há quanto tempo "não sabes" e eu me consumo sozinha neste pântano de culpa por não nos querer assim?<br /><br />E eu, que era só certezas, desfiz-me nesta espiral de loucura e irracionalidade que te vasculha os bolsos do casaco em busca de uma razão chamada Maria, Alexandra, Rosa... E eu, que só precisava de esboçar-te um olhar, indiciar-te um sorriso, para te ver rendido à paixão, perco-me neste catálogo de artifícios de sedução inúteis perante a força da tua indiferença. E eu, sempre a poupar-te, porque tu sofrerias mais, tu eras o eterno e desajeitado apaixonado. E eu, sem dúvida, acharia fácil deixar-te partir, até ao momento em que descobri que já cá não estavas, que tinhas abalado numa noite que desconheço, sem dizer adeus, como um ladrão, roubando-me o que me pertence: o poder de decretar a tua partida. Porque, agora, estou refém deste quarto vazio, confundindo as migalhas com o bolo, misturando o amor com o apego, Achando que, perante esta dor, a felicidade é adivinhar-te, sobressaltar-me, vigiar-te, armadilhar-me, chorar-te, matar-nos mais um bocadinho.<br /><br />Não sei se a História e as histórias são pedagogos eficazes dos afectos, das emoções e dos sentimentos. A <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Compaix%C3%A3o">compaixão</a> redigiu esta história que não é minha, mas podia ser, porque é de alguém muito próximo que nunca imaginaria (e que nunca se imaginaria) encontrar no enredo que vive nestes dias difíceis, lodosos e cinzentos. Que o sorriso, com que pintas de azul os dias, se desenhe novamente no teu rosto, D.</div><div align="justify"></div><div align="right"><span style="font-size:85%;">Foto: "Longest Journey" de Thorsten Jankowski.</span></div>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-70795574849972259482008-05-29T18:56:00.001+01:002008-05-29T18:58:33.746+01:00Vuelvo al sur<em><span style="color:#6600cc;">Vuelvo al Sur,</span></em><br /><em><span style="color:#6600cc;">como se vuelve siempre al amor,</span></em><br /><em><span style="color:#6600cc;">vuelvo a vos, </span></em><br /><div align="justify"><em><span style="color:#6600cc;">con mi deseo, con mi temor...<br /></span></em><br />Era bom, não era?</div><div align="justify">Pois, mas este regresso ao sul, não para aquilo que o Piazzolla pensa…<br />Os compromissos laborais empurram-me para terras alentejanas. Se estivesse bom tempo, seguramente, passaria lá o fim-de-semana. Mas, com este Inverno que insiste em não perceber que já não é bem-vindo, não há nada a fazer. Excepto, claro… deliciar-me com aquele pão divino, as azeitonas, as migas, a açorda, a carninha de porco preto… nham, nham.</div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5205860194493450770" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6A7BtEb9jxfzPMbmSqNdlS7jiohNra_Se5xlg8oeOKbOZr9sbmeorsgX_Lwsv0WEcAxh-9XpQxjgNrGrEGdOHjbASQDGvMvbkbcwg0gl3fogmdolfLsbVbIWchv_SGtl4Vik8mqCKbEGn/s400/gastronomiabanner.jpg" border="0" />Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-34663451594679539492008-05-28T15:10:00.004+01:002008-05-28T15:23:45.213+01:00Crash<div align="justify">Após uma semana de subjectivo mal-estar difuso, de origem esparsa e vagamente compreendida, sucede-se o culminar objectivo e factual da indisposição.<br />A sexta-feira anunciava-se precocemente finita, após estadia prolongada em funesto local de trabalho. Os amigos, mais concretamente, o apelo genuíno de uma amiga, fizeram-me adiar o projecto acalentado de ir para casa às onze e meia (a uma sexta à noite!! Não me recordo da última vez que tal aconteceu). O acto de protelar o regresso a casa sucedeu-se hora após hora, acontecendo apenas às seis e meia da manhã. Já o dia despontava e as ruas húmidas e cinzentas da cidade acolhiam tímidos movimentos antagónicos: uns encetavam o desejado regresso a casa e o encontro já atrasado com o sono; outros, abandonavam os braços de Morfeu e iniciavam o desfile dos compromissos laborais.<br />Ia assim, absorta em pensamentos inócuos e incompletos, que estancavam num semáforo vermelho. Os semáforos costumam ser os locais onde testo os meus reflexos <em>Fittipaldinescos</em>: fico muito atenta às movimentações luminosas e, assim, que a mudança ocorre, o carro desloca-se com uma primeira ágil e desenvolta transformação de velocidade. Normalmente, sorrio satisfeita: fui a primeira a arrancar. Costuma durar pouco, porque o meu chasso utilitário rapidamente é ultrapassado por cilindradas capitalistas: Humpf! Já me tinha detido algumas vezes a pensar no movimento oposto: isto é, nos colegas que dilatam a permissão do verde, até ao amarelo intermitente e ao proibitivo vermelho. Estas vontades contrárias um dia haveriam de chocar. Um dia, foi no sábado…</div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5205431363483781634" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglA_C3X2Z-HVdC62wQ0CuBKUj1N9U1h5YBcexatI0ZR0IpOp4A1MZbY9xMcqgMEdT1xI3_JLz1qPsepV9u_q0Jo-oYgBDHohucg-7IwbLegt4Ym6q1OriesmK1FPrHhVwYGI82P16NKZbg/s400/Sem%C3%A1foro_Padroense.jpg" border="0" /><br /><div align="justify"><br />Já em movimento, pelo canto do olho, percebi, em instantes temporais que se dilatavam, que o choque seria inevitável. Em transversal e hiper estado de alerta, o corpo reage com uma inusitada rapidez e as sinapses sucedem-se de uma forma alucinante. Recordo esses instantes, como longos e lentos momentos em que pude pesar diversas alternativas e decisões: travar e, ainda assim, saber de antemão que não seria suficiente… Crash! Menos mal, foi só chapa, gritava o meu lado optimista… Ai o c<span style="font-family:webdings;">arago</span>, vociferava o meu lado realista (e tripeiro), enquanto constatava que a apólice do meu colega condutor se encontrava caducada… Coitado do senhor, vê-se pelo carro de um modelo que já não se fabrica, pela ausência de alguma dentição frontal e pelo horário madrugador de labuta ao fim-de-semana que não tem pais ricos, não ganhou a lotaria e o BES não lhe empresta 5 euros que sejam, gritava a minha costela das questões sociais de esquerda. Não tem seguro, vai de transportes públicos e não se arrisca a passar um vermelho e a prensar-me em chapa barata, vociferava a minha costela individualista e <em>self-made-man</em> de direita.<br /><br />Não ando com tempo, nem espaço mental para resolver aporias, mas já me fui mentalizando que o subsídio de férias tem destino certo: vai para a garagem do meu mecânico e eu fico a beber daiquiris em praias longínquas e paradisíacas? Não, copos de água, pedidos com jeito e especial favor numa barraca das praias de Leça, com vista para a refinaria.</div><div align="justify">Até para o azar é preciso ter sorte ou dinheiro!</div><div align="justify"></div><div align="right"><span style="font-size:85%;">Foto: "Semáforo", de Padroense</span></div>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-58198414114092849392008-05-21T16:16:00.007+01:002008-05-21T16:32:32.268+01:00Acha-me!<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU5hgJ7x2SCB9rdu67Q3tcR4NE20HOBJwBGowfoIDAwdstVAetBokevT18uJrYbeBvBqH_YwzZ9d5ZjCTjQsG-60PKEEaUji2rYkJqOCHg8wZaJG0rqJbetNx_X6wUCuSS5OtvPUUkUC66/s1600-h/Caama^no+Castro.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5202853897254523842" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU5hgJ7x2SCB9rdu67Q3tcR4NE20HOBJwBGowfoIDAwdstVAetBokevT18uJrYbeBvBqH_YwzZ9d5ZjCTjQsG-60PKEEaUji2rYkJqOCHg8wZaJG0rqJbetNx_X6wUCuSS5OtvPUUkUC66/s400/Caama%5Eno+Castro.jpg" border="0" /></a><br /><div align="center"><span style="color:#990000;">"</span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcWZJgNAIdelrQ8gBLc8YQF60KbzP94RAbuQrcfp3XqkeN_tmK7_l4A9HNHdGSyIr_zXU2jgkCqG3h_kvGgiqf2xNPxsDC1S2hStmCr43V1nMNQyaf9kN7HBSDh4v1w77QWb3A3Pg7BHmZ/s1600-h/Caama^no+Castro.jpg"><span style="color:#990000;"></span></a><span style="font-size:85%;color:#990000;">Não sei como dizer-te que minha voz te procura<br />e a atenção começa a florir, quando sucede a noite<br />esplêndida e vasta.<br />Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos<br />se enchem de um brilho precioso<br />e estremeces como um pensamento chegado. Quando,<br />pelo pressentir de um tempo distante,<br />e na terra crescida os homens entoam a vindima<br />- eu não sei como dizer-te que cem ideias,<br />dentro de mim, te procuram.<br /><br />Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros<br />ao lado do espaço<br />e o coração é uma semente inventada<br />em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,<br />tu arrebatas os caminhos da minha solidão<br />como se toda a casa ardesse pousada na noite.<br />- E então não sei o que dizer<br />junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.<br />Quando as crianças acordam nas luas espantadas<br />que às vezes se despenham no meio do tempo<br />- não sei como dizer-te que a pureza,<br />dentro de mim, te procura.<br /><br />Durante a primavera aprendo<br />os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto<br />correr do espaço –<br />e penso que vou dizer algo cheio de razão,<br />mas quando a sombra cai da curva sôfrega<br />dos meus lábios, sinto que me faltam<br />um girassol, uma pedra, uma ave – qualquer<br />coisa extraordinária.<br />porque não sei como dizer-te sem milagres<br />que dentro de mim é o sol, o fruto,<br />a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,<br />o amor<br /><br />que te procuram."</span><br /></div><br /><p align="right"><span style="font-size:85%;"><em>Tríptico II, Herberto Helder</em> </span></p><br /><p align="right"><span style="font-size:85%;">Foto: Camaaño Castro</span></p>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-31083222546271672262008-05-20T19:24:00.002+01:002008-05-20T19:35:15.124+01:00Cansa-me (outra vez...quem sabe)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyWuxRARB70bHuJLgq5TvmI5eJ4J3khLXqcPAsaZgy7JcNoT43R4KJfE-PPT7Us_lbDnb9s8GQ3FXS2-yWV5w16jddiKL9F31bjalC9sPC_sbR1DK5hFY-W_WFzvy-Af8oaVD1mpphB3A3/s1600-h/a+escada+do+desespero_arlinda+mestre.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5202528119690154882" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyWuxRARB70bHuJLgq5TvmI5eJ4J3khLXqcPAsaZgy7JcNoT43R4KJfE-PPT7Us_lbDnb9s8GQ3FXS2-yWV5w16jddiKL9F31bjalC9sPC_sbR1DK5hFY-W_WFzvy-Af8oaVD1mpphB3A3/s400/a+escada+do+desespero_arlinda+mestre.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Cansa-me o que se repete, mesmo quando não é igual. Cansa-me o movimento idêntico, a replicação cansada do gesto desacreditado. Cansa-me o precário equilíbrio oscilante, negociado sem rede. Cansam-me as falsas partidas e as advertências (sempre) tardias do juiz de linha, porque o empenho já se encontrava depositado em todo o mais ínfimo músculo em tensão. Hoje, não quero mais falsos começos. Hoje, não quero mais fins disfarçados de (re)inícios requentados, celebrados com a cerimónia da refeição em casa estranha. Amanhã, não sei… Mas, hoje é o desafio da permanência provisória, da perenidade temporária, do infinito a prazo que quero aprender.<br />Ainda assim, custa dizer <em>adeus</em>, quando o sorriso de um <em>olá</em> recente ainda jaz na boca.<br /></div><div align="right"><br /><span style="font-size:85%;">Foto: A Escada do Desespero de Arlinda Mestre</span></div>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1080326179434191481.post-52742585076938514022008-05-20T16:36:00.004+01:002008-05-20T16:46:02.759+01:00Os feios que me perdoem...<div align="left"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQPeaVxS3FxURPMuM_0ODjAUICq1fPsyCDha2wnUcGzIHwxsR09jeNOhsyIX9qnVsaE1iCAlKfrLqKuBQmdJp5sGLZyQXqiiHZyn8B1KRDH6-P5q_tkFevqxGEvIw2YGkzIaLBecb3tax3/s1600-h/bbaward+(2).jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5202485754132747122" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" height="193" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQPeaVxS3FxURPMuM_0ODjAUICq1fPsyCDha2wnUcGzIHwxsR09jeNOhsyIX9qnVsaE1iCAlKfrLqKuBQmdJp5sGLZyQXqiiHZyn8B1KRDH6-P5q_tkFevqxGEvIw2YGkzIaLBecb3tax3/s320/bbaward+%25282%2529.jpg" width="180" border="0" /></a>... mas, beleza é fundamental e, <em>ervilhicamente</em> falando, esta blogger é despigmentadamente bonita... <a href="http://ervilhasalbinas.blogspot.com/">Ele</a> lá sabe...</div><div align="left">Eu sei que fico (como dizem os brasileiros) "sem jeito" perante cumprimentos e elogios. Ocorre-me um insuficiente, muito ruborizado e lírico, <em>obrigada</em> de menina...<br /></div><div align="justify"></div>Clepsydrahttp://www.blogger.com/profile/01069992559502183040noreply@blogger.com2