Normalmente, a mudança abraça-se com a relutância com que, de olhos fechados, se aperta o caule de uma rosa selvagem entre os dedos. Resiste-se à troca do que é familiar e conhecido pelo que é incógnito e oculto. É assim nas mais pequenas coisas: a alteração do percurso habitual para casa, a troca da marca de café, a incursão num bar que não é o habitual... É assim nos alicerces estrutrais de vida: mudar de cidade, sair do país, terminar uma relação...
O risco de apertar um espinho e sangrar apenas é celebrado quando supera uma rotina demasiadamente pesada, quando grita mais alto do que a tautológica repetição do que nos é insuportável...
Respondi hoje a um anúncio de emprego. Até aqui, não haveria novidade. Há três anos que trabalho no mesmo sítio, mas nunca me coibi de estar atenta a outras potenciais ofertas. Mas as candidaturas foram sempre feitas com a displicência do que é acessório e supérfluo. Preocupavam-me os argumentos que teria de arranjar para declinar educadamente eventuais respostas positivas, alimentando a perenidade do cenário laboral presente. Mas, hoje, ao responder a esse anúncio, ocupava-me o pensamento a projecção desse novo emprego, o desejo por essa equação futura de incógnita desconhecida. Definitivamente, é urgente encontrar saída e soletrar M U D A N Ç A.
Foto: "Na luz de um desenho" de Bruno Silva.
Carta ao Pai Natal 2023
Há 4 meses
5 comentários:
Fogem-nos os tempos, mudam-se as vontades...
É inevitavel associar liberdade a mudança para mim...
Se eu te compreendo...
ui oh se sei!!
Para que nem tudo fique na mesma convém postar de quando em vez ;)
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