quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Fim interdito

Deixa ver se eu percebi...

Andas desde Dezembro neste chove não molha do "ai-hoje-não-posso-porque-deixei-a-avó-ao-lume" e do "ei-esta-rede-é-mesmo-uma-merda-não-é-que-a-tua-chamada-não-ficou-registada" até ao "não-respondi-à-sms-fofa-porque-o-reumático-me-impede-de-mexer-os-dedos".

E eu, que não sou parva (embora às vezes pareça) fui tomando nota das tuas atitudes em cima dos meus sentimentos. Ora, sucede que, tal como num bloco de notas finas, o que escrevemos numa folha acaba por passar para a seguinte. E o que tu fizeste ficou inscrito no que sentia.

A dada altura, entre uma fungadela e outra, fui pensando, "péra lá, isto não é a merda de um filme, que não vejo o realizador na sala a tentar apanhar o meu melhor ângulo de baba e ranho e nem é a porra dum livro para depois se arrumuar na prateleira. É a minha vidinha e, aqui, não curto por aí além o dramalhão!".

E num lento, mas progressivo, assomo de lucidez, fui percebendo que eu não quero estar com quem não deseja estar comigo. É tão simples quanto isso (eu disse simples, não disse indolor, hein!). É que não quero MESMO! Acho notáveis as histórias que contas sobre as mulheres que apenas te pediam para te deixares estar ali, ao lado delas, que apenas te pediam permissão para te contemplarem, para te tocarem.

Eu não sou assim, desinteressada, condescendente, boa pessoa. Sou mesmo egoísta no que respeita a sentimentos - quero-me muito, tal como tu deverias querer. Mas, não queres, certo? Ou melhor dizes que queres, mas não ages como quem quer, nunca agiste. A única diferença é que a minha fé desapareceu. Porque é de fé que se trata. Eu nunca tive a prova de que tu quisesses (nem poderia, nunca se pode ter esse comprovativo), mas acreditava militante e fervorosamente que querias. Até que essa crença, essa fé se esboroou.

Já não acredito. E isto não aconteceu por decreto. Ando há semanas a tentar perceber este processo e a descobrir o que é que quero. Até que decidi e uma vez decidido, optei por me comportar como gente crescida e comunicar-te que "não estou feliz, não estou feliz há muito tempo e não acredito que possa vir a sê-lo contigo, por isso, acabou". Telefonei-te e disse-te, "preciso de falar contigo" e tu já sabias, porque imediatamente, com voz grave e séria respondeste "sim, amanhã ligo-te e conversamos".

É curioso como constantamente se dilata a nossa perplexidade e capacidade de sermos surpreendidos. Achei que já te tinha percebido, que já me tinha desiludido, que já tinha dado por terminado o período de esperar por ti, achei que teria a última palavra, mas não... aguardo, ainda aguardo esse telefonema...

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