terça-feira, 20 de maio de 2008

Cansa-me (outra vez...quem sabe)



Cansa-me o que se repete, mesmo quando não é igual. Cansa-me o movimento idêntico, a replicação cansada do gesto desacreditado. Cansa-me o precário equilíbrio oscilante, negociado sem rede. Cansam-me as falsas partidas e as advertências (sempre) tardias do juiz de linha, porque o empenho já se encontrava depositado em todo o mais ínfimo músculo em tensão. Hoje, não quero mais falsos começos. Hoje, não quero mais fins disfarçados de (re)inícios requentados, celebrados com a cerimónia da refeição em casa estranha. Amanhã, não sei… Mas, hoje é o desafio da permanência provisória, da perenidade temporária, do infinito a prazo que quero aprender.
Ainda assim, custa dizer adeus, quando o sorriso de um olá recente ainda jaz na boca.

Foto: A Escada do Desespero de Arlinda Mestre

4 comentários:

Ervi Mendel disse...

Eu conseguia escrever este post em poucas palavras: "Cansam-me os Deja Vu e as incertezas" :)

Felizmente que tu não és assim sintética ou ter-se-ia perdido (mais) um belíssimo post!

Clepsydra disse...

Ora, aí está. Infelizmente, tenho tendência a esmiuçar mesmo o que não tem substância...

Tempus_Fugit disse...

A substância está em quem consegue esmiuçar, talvez, como a beleza está nos olhos de quem a vê.

Clepsydra disse...

Tempus,

É uma perspectiva bonita e optimista. Desse ponto, avista-se, sem dúvida a esperança... verde ou multicolor :)