terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Só porque é Natal, vá!


Acompanho o trabalho de David Cronenberg com alguma assiduidade desde 1983: Videodrome, The Fly, Dead Ringers, Naked Lunch, M. Butterfly, Crash, eXistenZ, Spider, A History of Violence. Não podia deixar de marcar presença em Eastern Promises, traduzido para Promessas Perigosas vá-se lá saber porquê... Até porque vem com um pequeno grande e tatuado bónus: Viggo Mortensen. Saí do filme com uma sensação estranha, de puro desconcerto. Como tão bem sintetizou o amigo que me acompanhava enquanto sacávamos de um cigarro: ele faz bem o que é difícil e faz mal o que parecia ser fácil... A história envolveu-me desde o início, mas também desde aí fica muito claro o rumo que o enredo irá tomar. E isso é perturbador, a ausência de surpresa que teimamos que irá surgir... e não surge daí, mas sim da apregoada cena de violência desnuda protagonizada pelo semi-deus russo. E, aqui, o sublime foi feito: o que poderia ser uma banal cena de violência gratuita é cinematograficamente coreografado, com uma graciosidade, um desepero, sendo inverosímil é humanamente sobre-humano e toca-nos de forma arrepiante. Finalmente, happy end tosco, com uma criança prestes a ser lançada às águas de um rio (não não é o Jordão). Talvez seja o meu cinismo pós-moderno... mas não convence... e eu gosto de ser convencida como uma criança no que respeita a cinema. Mas, vá lá... é Natal!

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