quarta-feira, 22 de agosto de 2012


 Foto: Silêncio de Pernes

Não falei e não quero falar com ninguém sobre o que se passou... Mas, isso significa que tenho uma pergunta e que só a posso fazer a ti... Sou só eu que desde 3ª feira ando desassossegada a pensar no que se passou? E a fantasiar com o que se passaria a seguir? Não consigo afastar a memória dos teus lábios a desafiarem o controlo que procurava aplicar nos meus, a tua respiração no meu pescoço a provocar-me arrepios, a minhas pernas entrelaçadas nas tuas e o corpo todo a condensar-se num jogo húmido que pedia para entrares em mim... Queria sorver-te os lábios num beijo denso e quente, queria tirar-te a roupa e sentir a tua pele na minha, roçar os meus seios na tua boca, sentir os meus mamilos a desfazerem-se no rodopio da tua língua e a prenderem-se no intervalo dos teus dentes, queria sentir-te a ficar duro na minha boca, queria vir-me de prazer nos teus dedos, queria sentir-te a penetrar-me, acolher-te em mim até estremecer de prazer... e começar outra vez e outra vez e outra vez até aplacar a cordilheira agreste do desejo que me consome...

10.11.2012

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Retornar

E a Vida brinca mais uma vez ao "1, 2, 3, diga coincidência mais uma vez..."


Os meros sinais da tua tua presença já me fizeram tremer o corpo, já me secaram a boca, já me plantaram uma pedreira no estômago... Fui percebendo que o epicentro do tsunami físico que semevas em mim, aos poucos, se deslocava, afrouxando a nefasta devastação que me provocavas... Meses passaram sem a intempérie de te vislumbrar, até que na quinta-feira lá estavam os teus indicíos, lá estavas tu... Mas, em mim, não houve uma nuvem que se formasse, não se discerniu uma brisa, não se apagou o sol que agora brilha e me aquece. Sorri, depois, quando percebi de que é que se tratava... a memória do corpo dissipara-se, finalmente.


Quase jurava que tinhas avistado o bom tempo que em mim fazia ou que engenhosamente terias encontrado este espaço de confissões e, por isso, após meses de hirto silêncio frio, decidiste assolar-me com um contacto (por sms, como tu e os adolescentes tanto apreciam...). Mas, não, nada disso. É só a culpa, que tarda, mas não falha, é só o retorno de uma lembrança torta que transportas, é só a porta entreaberta que, por teimosia, não fechaste. Faz frio, não é? Que pena não te poder ajudar, mas essa corrente de ar já não me incomoda, já não estou do outro lado à tua espera...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Memória dissipada

E depois, um dia, agora, o corpo deixa de ranger quando intui a tua presença. Já não és ladrão, malfeitor e foragido. Foste amnistiado da condenção do afecto, da raiva, da ternura e do medo que te prendiam.
Deixaste de ser procurado e depois, um dia, agora já não se oferecem recompensas a um sol que entregue a tua sombra. Desconheces, ignoras e és alheio a este processo, porque é só minha a celebração da liberdade que te encerra nas grades opacas da indiferença.

A dor já não é, já não está, nem sequer vagamente. Agora, a dor é só textura da memória seca e encarcaquilhada dos estilhaços do antes, de um dia...
Foto: "A paisagem que escapuliu " de Luís Andrade.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Reseting

E os regressos ficam difíceis quando a motivação que originou a partida se esvai, se dissolve noutras possíveis alavancas, que ainda não se perscrutam, que ainda não se adivinham como tal.

Já não me recordo se aqui escrevi o porquê (e não me apetece reler tudo o que já está empilhado) ou se terá sido através de uma troca de e-mails, ou se num comentário em post alheio, ou se é o eco na minha cabeça à força de algumas vezes me ter obrigado a enunciar um edifício justificativo para o blogue... Já não me recordo... Apenas reconstruo, com o cimento do hoje, aquilo restou de ontem. Dilacerava-me vagamente numa situação em particular que alimentava as raízes da reflexividade. Apaziguava-me, de início, o mero acto da escrita. Agradava-me, já um pouco depois, a dinâmica própria que o espaço gerava, ao servir de plataforma que crescia como uma espiral de integração em outros espaços. Contudo, este segundo aspecto foi sempre um efeito e não uma causa. A Razão, a motivação original residiu sempre no abraço de conforto, no afago que a escrita produzia em mim. Há, portanto, uma raíz vincadamente onanística neste blogue. O problema é que estes ensejos de masturbação emocional não se subjugam a obrigações, nem a frequências temporais...

Mas, hoje, apeteceu-me vir... outra vez!



Foto: "A turbulência do silêncio", de b.silva.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Dolce fare niente



Oficialmente, inicia-se hoje o período de dolce fare niente. Oficiosamente, como atesta a (in)actividade do blog, esse tempo há muito que se iniciou...

Dormi mal... O calor dos último dias insiste em depositar-se integralmente na minha habitação. Abri as janelas, na esperança de plantar correntes de ar e, assim, espantar os excessos da canícula. Se calhar, não fiz bem... Acordei de madrugada com o alarido da chuva e dos trovões, enrolei-me com mais força nos lençóis, procurando remeter a intempérie para um espaço subconscientemente onírico, mas a manhã molhada, cinzenta e pesada empurrava-me para a realidade de uma cidade onde o verão é uma farsa colectivamente encenada.

Fico pelo burgo, nestas férias. Ainda não resolvi o problema da tv cabo e caso o sol insista na greve, sem atender aos serviços mínimos a que a estivalidade obriga, terei de arranjar forma de me (in)ocupar. E isto introduz um factor de stress de insegurança ontológica: as manhãs reservarão sempre a surpresa de adivinhar qual a estação do ano a usufruir. Não me agrada!

Defini objectivos mínimos para este tempo, tão só, reforçar a frente de batalha do desânimo, do desalento e do cansaço. So help me... someone!

Foto: "Brisa do entardecer", de Luís Lobo Henriques

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Para que nem tudo fique na mesma...

Normalmente, a mudança abraça-se com a relutância com que, de olhos fechados, se aperta o caule de uma rosa selvagem entre os dedos. Resiste-se à troca do que é familiar e conhecido pelo que é incógnito e oculto. É assim nas mais pequenas coisas: a alteração do percurso habitual para casa, a troca da marca de café, a incursão num bar que não é o habitual... É assim nos alicerces estrutrais de vida: mudar de cidade, sair do país, terminar uma relação...

O risco de apertar um espinho e sangrar apenas é celebrado quando supera uma rotina demasiadamente pesada, quando grita mais alto do que a tautológica repetição do que nos é insuportável...

Respondi hoje a um anúncio de emprego. Até aqui, não haveria novidade. Há três anos que trabalho no mesmo sítio, mas nunca me coibi de estar atenta a outras potenciais ofertas. Mas as candidaturas foram sempre feitas com a displicência do que é acessório e supérfluo. Preocupavam-me os argumentos que teria de arranjar para declinar educadamente eventuais respostas positivas, alimentando a perenidade do cenário laboral presente. Mas, hoje, ao responder a esse anúncio, ocupava-me o pensamento a projecção desse novo emprego, o desejo por essa equação futura de incógnita desconhecida. Definitivamente, é urgente encontrar saída e soletrar M U D A N Ç A.




Foto: "Na luz de um desenho" de Bruno Silva.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Decomposição

Osga, o teste diz que sou assim:

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E o pior é que vim sem livro de reclamações! Uma vergonha...